"Oppenheimer" estreia nos cinemas japoneses!
"Oppenheimer" estreia nos cinemas do Japão
Filme chegou a ser banido do país no ano passado; Sobrevivente dos ataques reage à trama.
Por Victor Bhering - @vic_bhering11
Vencedor do prêmio de melhor filme no Oscar 2024, "Oppenheimer" estreou nos cinemas do Japão nesta sexta-feira (29) após ser banido do país por oito meses, por preocupações sobre como o tema nuclear seria recebido no único território que sofreu com os efeitos da bomba atômica.
Apesar de ser um grande mercado para Hollywood, a produção de sucesso não foi exibida pelo país asiático. Embora o governo de Naruhito, atual imperador japonês, não tenha oficialmente explicado sua posição, especula-se que houve preocupações quanto à recepção do público em relação a uma obra que aborda a figura de J. Robert Oppenheimer, físico que liderou o Projeto Manhattan, programa nuclear dos Estados Unidos entre 1942 e 1945.
As bombas do projeto atômico resultaram em mais de 200m mil mortes nas cidades de Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945. Depois da tragédia, foi oficializada a rendição japonesa - que fazia parte do Eixo - e declarada a vitória por parte dos Aliados no conflito mais sangrento da história da humanidade.
Foram oito meses de muita relutância dos políticos para exibirem o filme vencedor de sete premiações no Oscar 2024, porém a trama foi oficialmente lançada para o país nesta sexta-feira (29), e já geraram inúmeras reações de pessoas que assistiram o longa-metragem de 3 horas.
Reações japonesas:
Com o início das exibições de "Oppenheimer" por todo território japonês, muitas pessoas acompanharam a história e compartilharam suas reações com a mídia internacional.
Enquanto alguns disseram que gostariam que o filme mostrasse as consequências dos ataques, outros afirmaram que ficaram impressionados com a representação do poder destrutivo da bomba.
- Eu conhecia os horrores das bombas atômicas apenas por meio de imagens e números como quantas milhares de pessoas morreram, mas o filme me fez perceber o quão assustador era com o poder das imagens e dos sons que fizeram meu corpo tremer - disse Kana Yoshigiwa, 29 anos.
Em Hiroshima, cidade japonesa devastada pela primeira bomba nuclear, o sucesso do filme gera sentimentos contraditórios, como diz Kyoko Heya, presidente do festival internacional de cinema da cidade, à AFP.
- Considero o filme de Nolan muito concentrado nos Estados Unidos. [...] Este é realmente um filme que as pessoas em Hiroshima suportam assistir? Pois bem, depois de refletir, agora quero que muitas pessoas assistam ao filme. Eu ficaria feliz em ver Hiroshima, Nagasaki e as armas atômicas se tornarem assunto de discussões graças a este filme - disse ela.
Grande fã dos filmes do diretor Christopher Nolan, Kawai, funcionário público e morador da cidade, reagiu ao longa.
- Claro que é um filme incrível que merece vencer o Oscar. [...] Mas o filme também retrata a bomba atômica de uma maneira que parece elogiá-la e, como uma pessoa com raízes em Hiroshima, achei difícil de ver. [...] Não tenho certeza se este é um filme que os japoneses deveriam fazer um esforço especial para assistir - disse o rapaz de 37 anos.
Outro residente de Hiroshima, Agemi Kanegae desabafa sobre seus sentimentos após assistir o filme.
- Valeu muito a pena assistir o filme. [...] Mas me senti muito desconfortável com algumas cenas, como o julgamento de Oppenheimer nos Estados Unidos no final - disse o aposentado de 65 anos.
Já em Nagasaki, Koichi Takeshita explicou como entendeu a história lendo o rosto de Oppenheimer.
- O último olhar de Oppenheimer no filme foi de dor. Era uma expressão de arrependimento, porque foi ele quem fez a bomba atômica, ou ele não sabia o que fazer e ficou triste, pois dezenas de milhares de pessoas morreram - disse residente da cidade.
Alguns sobreviventes dos ataques dos EUA ao Japão assistiram ao filme. Entre eles está Masao Tomonaga, de 80 anos.
![]() |
| Masao Tomonaga toma o pulso de um sobrevivente da bomba atômica em uma casa de repouso em Nagasaki, Japão - Foto: Anthony Kuhn/NPR. |
O médico explica como sobreviveu aos ataques entre os dias 8 e 9 de agosto de 1945.
- Sob aquela explosão, eu estava lá. Eu estava lá, em Nagasaki. Não me lembro da explosão porque tinha apenas 2 anos de idade na época. Mais tarde, minha família me explicou que sobrevivi porque nossa casa ficava a cerca de um quilômetro e meio do marco zero. Eu estava dormindo na cama quando a bomba foi lançada.
Tomanaga expressou sua reação ao assistir o filme.
- Pude pela primeira vez imaginar minha situação dormindo em uma cama sob a explosão de 600 metros de altura. Então essa foi minha primeira impressão sobre o filme - disse o espectador.
Atualmente as cidade se recuperaram das tragédias. Hiroshima é uma metrópole com 1,2 milhão de habitantes, porém as ruínas de um edifício abobadado ainda permanecem como um lembrete dos horrores do ataque, ao lado de um museu contendo outros memoriais sombrios.
Já Nagasaki, com uma população de cerca de 400.000 habitantes, se tornou um importante centro industrial, turístico e cultural no Japão. A cidade se dedicou à sua reconstrução e ao estabelecimento da paz. Hoje, as marcas do trágico evento que finalizou a Segunda Guerra Mundial ainda são visíveis em alguns memoriais e locais históricos, que servem como lembretes importantes da importância da resolução de conflitos de forma pacífica.
Sobre o autor:
Olá! Me chamo Victor Bhering, tenho 18 anos, e atualmente cursando o primeiro semestre de Jornalismo na UAM. Meu objetivo com este blog é treinar os fundamentos técnicos da profissão, além de poder expor minha opinião em alguns artigos, mas sempre com imparcialidade, como o ofício exige.
Agradeço do fundo do coração caso você tenha lido até o final! Abraços! :)

.png)
Comentários
Postar um comentário