China, Coreia do Norte, Irã e Rússia: O grande quarteto para a Terceira Guerra

China, Coreia do Norte, Irã e Rússia: O grande quarteto para a Terceira Guerra

Aliança é um potencial estratégico para possível novo conflito global.


Por Victor Bhering - @vic_bhering11

China, Coreia do Norte, Irã e Rússia são aliados em aspectos sócio-políticos - Foto: Reprodução/Internet.

Motivados pela oposição à hegemonia ocidental, China, Coreia do Norte, Irã e Rússia compartilham um histórico de desconfiança e ressentimento em relação aos Estados Unidos e seus aliados. Essa visão em comum os impulsiona a buscar cooperação para contrabalancear a influência ocidental na ordem global.

O governo de Xi Jinping, em particular, busca expandir seu acesso a mercados e recursos naturais nos outros três países. Por sua vez, os comandados por Putin buscam diversificar seus parceiros comerciais e reduzir sua dependência do Ocidente. A Coreia do Norte e o Irã, por outro lado, enxergam nessas duas potências oportunidades para aliviar as sanções internacionais e impulsionar suas economias.

A cooperação militar e de segurança também desempenha um papel significativo na aliança. China e Rússia oferecem apoio militar à Kim Jong-un, enquanto o governo de Ebrahim Raisi, presidente iraniano, e outros países no Oriente Médio, como a Síria, servem como plataformas para a projeção de poder regional da Rússia.

Além disso, a dimensão da parceria entre os países está muito além do que fora citado acima. Reuniões e avais das potências do quarteto são realizadas antes de posicionamentos referente à participação de conflitos na Europa e Médio Oriente.

Guerra Rússia-Ucrânia:

No ano de 2022, semanas antes da ocupação russa em território ucraniano, Vladimir Putin foi para a China com a finalidade de presenciar a inauguração dos Jogos Olímpicos de Inverno no país. Além disso, segundo um relatório de inteligência ocidental, autoridades chinesas teriam influenciado na data de início das invasões de Moscou na Ucrânia, sugerindo que estas ocorressem após o evento esportivo. Naquele período, o presidente russo e Xi Jinping emitiram declarações que sua parceria “não tem limites”, além de condenar a expansão da Otan, pilar fundamental da justificativa do Kremlin para atacar o país comandado por Volodymyr Zelensky

Além disso, vinte dias antes dos ataques a Kiev, ocorreu a divulgação da "Declaração Conjunta da Federação Russa e da República Popular da China sobre as Relações Internacionais em uma Nova Era de Desenvolvimento Sustentável Global", proclamando uma nova ordem global, multipolar e interdependente, na qual os países signatários buscam assumir um papel proeminente.

Sob aval de Pequim, os primeiros bombardeios no território ucraniano iniciaram-se alguns dias depois, no dia 24 de fevereiro. A partir daquela quinta-feira, os chineses apoiaram o governo russo financeiramente após sanções econômicas, além de vender secretamente produtos de alta tecnologia que podem ser usados para fins militares.

Além dos chineses, o Irã - que também tem servido como rota para o contrabando de bens para os russos - e Coreia do Norte também ofereceram declarações de apoio à Rússia, criticando as sanções ocidentais e acusando os EUA de desestabilizar a região.

Conflito Israel-Hamas:

Desde o fatídico 7 de outubro de 2023, os quatro países da aliança apoiam, de forma direta ou indiretamente, os ataques do Hamas em Israel.  

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu protestou contra Putin pelo fato de ter recebido, semanas depois dos ataques, uma delegação dos extremistas em Moscou. Segundo o Kremlin, o fato da acolhida foi um esforço para manter contatos com todas as partes do conflito. 

Um fator que contribui para o posicionamento do bloco do quarteto é o Irã, que "apoia enfaticamente os palestinos".

A China, em particular, mantém seu apoio aos palestinos. Tanto autoridades chinesas quanto o presidente Xi Jinping destacaram a importância de um Estado palestino independente em suas observações sobre a guerra.

Segundo serviço de inteligência sul-coreana, os extremistas estão usando armas da Coreia do Norte para enfrentar Israel. Além de armamentos, a cooperação se estende à doutrina tática e ao treinamento de tropas do Hamas.

Bombardeios entre Israel e Irã:

Na noite do último sábado (13), o território israelense foi atacado por uma onda de drones e mísseis iranianos. Isso ocorreu com finalidade de retaliação do governo de Ebrahim Raisi após um bombardeio vindo da FDI (Forças de Defesa de Israel) ao seu consulado na Síria em 1º de abril, que resultou na morte de vários comandantes no país.

Enquanto Israel conta com o apoio dos Estados Unidos, Irã tem China e Rússia como aliados. No entanto, é improvável que as duas potências entrem diretamente no conflito, como diz Vitelio Brustolin, professor da Universidade Federal Fluminense e pesquisador de Harvard, ao portal Exame.

É muito improvável uma intervenção direta da Rússia ou da China. Durante toda a Guerra Fria os confrontos foram sempre indiretos e financiados por Estados Unidos e Rússia. O fenômeno atual está sendo chamado e estudado na academia como "Segunda Guerra Fria" ou "Nova Guerra Fria" - disse.

Em nota oficial, o governo de Teerã afirma que "qualquer ameaça dos Estados Unidos ou de Israel será respondida de forma proporcional". Ou seja, para um hipotético fim dos ataques será necessário que os governos de Joe Biden e Netanyahu não revidem os bombardeios.

Cenário geopolítico "anti-quarteto":

A fim de garantir sua hegemonia no ocidente, Estados Unidos, Inglaterra, Israel e França também trabalham em conjunto. Além destes, a Arábia Saudita, rival dos iranianos, pode entrar no bloco diplomático.

Inclusive, muitos dos países citados acima são potências na questão de armamentos nucleares, segundo informações da Iniciativa de Ameaça Nuclear:

  • Estados Unidos possuem cerca de 5.600 armas atômicas - sendo o segundo país com maior quantidade de armamentos nucleares, perdendo para a Rússia, com 5.580 bombas -;
  • França possui, aproximadamente, 290 ogivas nucleares;
  • Reino Unido possui 225 ogivas atômicas;
  • Israel não reconhece possuir armas nucleares, porém o órgão de pesquisa suspeita que o país tenha 90 bombas atômicas.

Há um receio da diplomacia mundial numa possível invasão chinesa em Taiwan, evento que pode alavancar uma Terceira Guerra Mundial, como diz o cientista político Heni Ozi Cukier, conhecido como professor HOC, em suas redes sociais.

Não há como prever o que vai acontecer, mas podemos analisar com profundidade o que está acontecendo hoje. [...] Os três grandes conflitos em curso (guerra entre Rússia e Ucrânia com o objetivo de se expandir para a Europa; Israel e Hamas, com terroristas sendo autorizados pelo Irã, envolvendo o eixo da resistência [com apoio de Rússia e China] e, por último, as ameaças da China contra Taiwan) nos fazem enxergar que o caldeirão está esquentando. [...] Pequim, Moscou e Teerã estão desafiando as democracias, assim como Berlim, Roma e Tóquio fizeram no passado - declarou o especialista. 

 

Segundo HOC, o mundo está em um momento de grande tensão. A guerra na Ucrânia, a ascensão de regimes autoritários e a proliferação de armas nucleares “são apenas alguns dos sinais que nos fazem lembrar de um período sombrio da história: a 2ª Guerra Mundial”.


Sobre o autor:

Olá! Me chamo Victor Bhering, tenho 18 anos, e atualmente cursando o primeiro semestre de Jornalismo na UAM. Meu objetivo com este blog é treinar os fundamentos técnicos da profissão, além de poder expor minha opinião em alguns artigos, mas sempre com imparcialidade, como o ofício exige.

Agradeço do fundo do coração caso você tenha lido até o final! Abraços! :)

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