STF decide que Forças Armadas não são "Poder Moderador"

STF decide que Forças Armadas não são "Poder Moderador"

Votação foi finalizada nesta segunda (8), com resultado unânime dos ministros.

Por Victor Bhering - @vic_bhering11

Sessão plenária do STF - Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF.


Na manhã desta segunda-feira (8), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por 11 votos a 0 que as Forças Armadas não possuem "Poder Moderador" dentro dos Três Poderes da RepúblicaA partir deste momento, de acordo com o artigo 142 da Constituição, não será permitida intervenção militar às autoridades legislativas, executivas e judiciárias do país.

O ministro Luiz Fux, relator da ação no Supremo, enfatiza que as Forças Armadas são instituições do Estado, não do governo. Ele afirma que a missão institucional dos militares está na defesa da pátria, na garantia dos poderes constitucionais e na manutenção da lei e da ordem. 

A missão institucional das Forças Armadas na defesa da pátria, na garantia dos poderes constitucionais e na garantia da lei e da ordem não acomoda o exercício de poder moderador entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário - disse.

Fux destaca que o uso das Forças Armadas para manter a ordem pública deve ser reservado para situações excepcionais e quando há violações concretas à segurança pública, sendo uma medida a ser adotada somente após o esgotamento de outras alternativas.

Acompanhando o relator da Suprema Corte, o ministro Dias Toffoli afirmou que "superdimensionar o papel das Forças Armadas" contradiz a Constituição.

- Residiria nisso um grande paradoxo: convocar essas forças para atuar acima da ordem, sob o argumento de manter a ordem, seria já a suspensão da ordem democrática vigente - diz trecho de seu voto.

 

Artigo 142

O papel e as atribuições das Forças Armadas são definidos pelo artigo 142 da Constituição, o qual estabelece que elas são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, subordinadas à autoridade suprema do Presidente da República. Seu propósito é a defesa da Pátria, a garantia dos poderes constitucionais e, mediante solicitação de qualquer um desses poderes, a manutenção da lei e da ordem. 

Desde 2020, defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro têm alegado que o artigo sugere que as Forças Armadas teriam o poder de arbitrar conflitos entre os Poderes, inclusive podendo intervir fechando o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Um dos principais defensores dessa interpretação é o advogado ultraconservador Ives Gandra Martins, embora essa visão tenha pouco apoio no meio jurídico. 

O próprio Bolsonaro endossou essa interpretação durante uma reunião ministerial, argumentando que qualquer um dos Poderes poderia solicitar a intervenção militar para restabelecer a ordem no país. 

Após a derrota nas eleições de 2022, apoiadores do ex-presidente citaram o artigo 142 em uma tentativa de mantê-lo no poder. Essa interpretação distorcida também é apontada como uma das bases do suposto plano de golpe de Estado elaborado por Bolsonaro e seus aliados, conforme revelado pela Polícia Federal.

Reação do Exército

O comandante do Exército, general Tomás Paiva, declarou estar em concordância com o posicionamento do STF.
Totalmente certo! Não há novidade para nós. Quem interpreta a Constituição em última instância é o STF, e isso já estava consolidado como o entendimento - disse o comandante à CNN Brasil.

Sobre o autor:

Olá! Me chamo Victor Bhering, tenho 18 anos, e atualmente cursando o primeiro semestre de Jornalismo na UAM. Meu objetivo com este blog é treinar os fundamentos técnicos da profissão, além de poder expor minha opinião em alguns artigos, mas sempre com imparcialidade, como o ofício exige.

Agradeço do fundo do coração caso você tenha lido até o final! Abraços! :)

Comentários

  1. Meus parabéns pelos seus textos, estão de forma clara, transparentes, sem viéses ou tendências, puramente imparciais e diretos no foco do tema.

    Continue trilhando forte este caminho, pois entendo que é o rumo do aprendizado com qualidade, aplicado com maturidade e excelência que patrocinarão com primazia seu futuro.

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